Quão bem você entende o que seu corpo está dizendo? Para alguns essa pode parecer uma ideia estranha, o corpo falando. Porém, no que entendemos essa “fala” além do que nossa boca faz, vemos que o corpo está em constante comunicação conosco, por meio de sensações e emoções. Desde um desconforto por sentar errado até o batimento acelerado antes de uma prova: Nosso corpo está constantemente falando algo. Mas nós estamos fazendo nossa parte, ouvindo e entendendo o que ele diz?
Autopercepção
Pode parecer a muitos de nós que sabemos o que nosso corpo está fazendo, que somos donos dele, porém não é sempre verdade. Nosso corpo não usa palavras, ele usa meios abstratos e frequentemente ambíguos. Esse é um importante ponto! Por não ter muitas formas de se comunicar, nosso corpo frequentemente se utiliza de uma mesma ação para dizer coisas diferentes. Um exemplo: Quando você está empolgado para ganhar um presente, seu batimento acelera. Porém, isso também acontece quando você está com medo. Outro exemplo: Quando está quente você sua mais que o normal, porém também suamos quando nossa pressão cai.
Normalmente somos capazes de, a partir do contexto, entender o significado por trás. Se está escuro e escutamos um barulho, saberemos que nosso batimento acelerado não vai ser por esperar um presente. Contudo, há situações em que a ambiguidade é suficiente para nos gerar dúvida.
A ansiedade a partir do desconhecido
No exemplo do escuro, é claro para nós o porque de estarmos nos sentindo assim. É uma reação natural. Entretanto, quando a situação não está bem explicada, abre-se espaço para nossa mente colocar “monstros debaixo da cama”. Imagine que você está vivendo seu dia e começa a se sentir enjoado. Você não sabe dizer o porquê disso. Pode ser desde um pequeno mal-estar passageiro até uma doença grave. Nesse momento entra a ansiedade: Eu não sei o que está acontecendo, só tenho a informação de enjoo do meu corpo. A ambiguidade que surge da infinitude de possibilidade colabora para preenchermos esse vazio com medos e catastrofizações.
É assim, inclusive, que começam muitos ataques de pânico: Um momento de ambiguidade que nossa mente usa como combustível para “colocar chifre em cabeça de cavalo” numa situação.
Fazendo bom uso da autopercepção
Pois bem, uma vez que percebemos o impacto das nossas sensações em momentos de ansiedade, por exemplo, como podemos utilizar isso a nosso favor?
O segredo está precisamente no fator falta de informação. À medida que vamos dando a nossa mente mais informações para trabalhar, podemos acalmar e desarmar alguns dos “monstros” que criamos. Voltando ao exemplo do enjoo. Talvez esse nosso indivíduo hipotético pare para olhar atentamente o que está sentindo e perceba que esse enjoo está mais fraco do que vezes passadas, que já se sentiu assim antes e ficou tudo bem, que não está com nenhuma outra sensação estranha e que não comeu nada estranho recentemente. Logo, ele pode começar a se tranquilizar. As novas informações são incompatíveis com alguns dos cenários terríveis que ele imaginou. Assim, fica mais fácil sair do espaço de ansiedade e dar sequência a seu dia.
Porém, cuidado! É comum nós usarmos do que chamamos de filtro mental, por meio do qual ignoramos informações positivas e focamos no negativo. Preste atenção para não cair nessa armadilha! Os bons sinais podem parecer menos impactantes do que os ruins, porém não são menos importantes.
Conclusão
Experimente prestar atenção no que seu corpo está te dizendo ao invés de ignorar. Pode significar entrar em contato com sentimentos desagradáveis, mas, do mesmo jeito que olhamos debaixo da cama para ver que não há um monstro, podemos olhar para dentro de nós mesmos e ver que está tudo bem.