O estigma sobre certas doenças e como lidar com isto
O mundo se aterroriza diante da ameaça de uma pandemia. Mas será que é apenas o risco de uma pandemia que causa esse tipo de reação?
Na verdade, muitas doenças, contagiosas ou não, geram esse movimento de preconceito e, muitas vezes, até de violência. Assim cria-se a triste situação na qual o paciente, além de ter de lidar ele próprio com o desafio que o adoecimento já traz, ter de lidar também com sua exclusão social.
Dentre as mais conhecidas a causarem esse impacto estão a hanseníase, que em tempos antigos levava comunidades inteiras a se isolar para se proteger e, nos tempos modernos, doenças como HIV. Quando o vírus surge como um risco de dimensões globais, novamente assistimos a esse fenômeno de exclusão por medo e, frequentemente, por simples desconhecimento.
O que chama a atenção, contudo, é que o medo gera inclusive um estigma de classe ou gênero. Algumas pessoas com traços orientais estão relatando gestos de preconceito através da Internet, assim como os homossexuais sofreram e ainda sofrem repúdio social por conta da AIDS. De alguma forma, o medo e os estigmas sociais se somam e criam um antagonismo velado e algumas vezes explícito e desmedido.
Caso você se sinta de alguma forma estigmatizado por seja lá qual for a doença que está vivenciando, opte por lidar com isto da seguinte forma:
1 – Identifique se essa doença é considerada um estigma por você mesmo. Não se pode cobrar do mundo que acolha algo que você mesmo não acolheu.
2 – Observe ao receber um comportamento de terceiros em relação a você quais necessidades suas não foram atendidas – respeito? conexão? amor? compaixão?
3 – Pergunte-se porque é importante que essa pessoa em específico – que o agrediu ou desconsiderou – preencha essas necessidades? Isso é algo que ela está apta a fazer? Há outras pessoas que poderiam preenchê-las?
4 – Permita-se viver o luto de suas necessidades não atendidas.
5 – Pergunte-se quais necessidades essa pessoa ou pessoas que o agrediram ou desconsideraram estão tentando proteger – segurança? cuidado? liberdade?
6 – Acolha que essa agressão ou desconsideração foi a forma trágica escolhida para isto e, se possível, estabeleça uma conversa sobre suas necessidades e as dela até que cheguem a uma conclusão de equilíbrio
7 – Se uma conversa não for possível, busque estar em outros contextos onde suas necessidades são preenchidas e honre, antes de mais nada, um fato precioso – VOCÊ NÃO É A SUA DOENÇA!!!
Busque dentro de si os recursos emocionais para lidar com o olhar do outro sem que ele te defina. Lembre-se de quem você é e busque ajuda e reparação quando sentir que alguém passou dos limites. Estar doente não é condição de exclusão social, mas apenas de cuidado.
Muitos nessa situação optam por esconder a doença e acabam com isso perdendo sua integridade e, não raro, a chance de acesso a um tratamento adequado. Sua doença não te define. Sempre haverá alguém que coloca o que você é acima do que você tem.
Talvez você descubra que há mais compaixão no mundo do que imagina.
Abraço carinhoso,
Luciane Schütte