Talvez um dos maiores desafios na hora de se tratar um quadro de depressão seja a inércia. A pessoa depressiva não tem vontade de fazer quase nada. Infelizmente, isso acaba por reforçar sua situação. Afinal de contas, como é possível mudar sem fazer nada? Uma pessoa com ansiedade, por exemplo, pode não ter problemas em buscar ajuda ou tentar mudar algo. Não falta a ela energia. Porém, para o depressivo, energia parece um conceito alienígena.
Nesse momento acho importante pontuar como muitas vezes as pessoas não sabem lidar com esse sintoma. Acham que é preguiça, desinteresse ou “mimimi”. Não, não é. A pessoa não consegue simplesmente “parar de pensar assim” ou “levantar e ir fazer alguma coisa”. Acredite: Se fosse simples assim, isso já teria sido feito.
“Tudo bem”, você pode me perguntar, “se a pessoa ficar parada faz mal a ela e não posso falar para ela se mexer, não há o que fazer, certo?” Não é bem assim. Aí vem a questão: Não se trata de querer que a pessoa se levante e vá viver a vida como qualquer outro. Isso é pedir demais dela. A chave é pedir o que ela for capaz de fazer no momento.
Já vi casos em que a pessoa não tomava banho e não comia, apenas ficava deitada na cama. Nesse caso, é difícil de se imaginar uma mudança acontecendo num momento próximo. O que poderia ser feito nesse momento é dar uma pequena tarefa simples, rápida e factível. Nada como “dar uma caminhada” ou “ir ver um filme no cinema”. Algo simples como levantar da cama e comer uma fruta. Depois, se ela quiser, ela pode voltar a deitar.
Judith Beck resume muito bem quando diz:
Um dos objetivos iniciais mais importantes com pessoas deprimidas é planejar as atividades. Alguns se afastaram de pelo menos algumas atividades que anteriormente lhes davam um sentimento de realização ou prazer e melhoravam seu humor, e muitos aumentaram certos comportamentos (ficar na cama, assistir à televisão, não fazer nada de especial) que mantêm ou aumentam sua situação atual. Frequentemente, os depressivos acreditam que não podem mudar a forma como se sentem. Ajudá-los a se tornar mais ativos e dar-lhes crédito pelos seus esforços é parte essencial do tratamento, não somente para melhorar seu humor, mas também para fortalecer seu sentimento de autoeficácia, demonstrando a si mesmos que eles podem assumir maior controle do seu humor do que acreditavam anteriormente.
Ou seja: O segredo não está em resolver o problema de uma vez, querendo que a pessoa pule direto do 0 ao 100, mas sim que seja algo gradual. O sucesso está nas pequenas vitórias.
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