Estamos constantemente resolvendo dificuldades. Muitas são fáceis de perceber: Tem que ligar no banco porque mandaram um cartão que não pedi, tem conta a pagar, etc etc. Porém, quero chamar atenção às dificuldades “invisíveis”, aquelas relacionadas ao emocional. Curiosamente, apesar de importantes, são as que resolvemos de forma mais automática. Se estou irritado, reclamo; Se estou triste, choro; Se estou ansioso, me isolo. Mas porque isso acontece tão automaticamente?
O cérebro “burro”
Se pararmos para pensar, veremos que nossa mente está o tempo todo processando MUITA informação. Você está lendo esse texto sem parar para pensar em cada letra. Deve haver algum som a sua volta que você não estava prestando atenção até eu te falar. E por aí vai.
Ou seja, há muita coisa que, se fossemos gastar tempo de raciocínio, ficaríamos parados “processando”. Logo, nosso cérebro automatiza muita coisa e nem percebemos.
Acaba que, por uma série de motivos, é mais fácil para nosso cérebro automatizar questões emocionais do que racionais. Por esse motivo, nossa emoções constantemente geram reações sobre as quais não pensamos duas vezes, consideramos “natural”. De fato, muitas vezes isso é verdade, porém, será que sempre nossa reação é a melhor?
As “soluções”
Como uma forma de exemplificar a situação, imagine uma pessoa ansiosa que tem medo de sair de casa. Sua primeira reação pode ser ficar fechada no quarto. Qual é o resultado disso? Bem, fechada em casa, de fato, não surge a ansiedade que ela teria se saísse. Resolvido, certo?
Veja como para nós, do lado de fora, é fácil ver que isso não resolve o problema. Contudo, para a pessoa isso não é tão óbvio. Ela não está pensando tão a fundo em seu comportamento. Na verdade, provavelmente nem houve um pensamento, foi uma reação natural: sentimento de ansiedade -> se fechar em casa -> ansiedade foi embora. Simples e, num primeiro momento, eficiente.
As máscaras
Nesse caso que trouxe, fica claro como o comportamento está “resolvendo” um problema que é fácil de se ver. Vamos ver uma situação um pouco diferente agora: Imagine uma pessoa procurando emprego, porém toda vez que vai procurar algo, acaba se distraindo e gasta tempo no Facebook, terminando o dia falando que tem dificuldades com procrastinação. Isso seria uma explicação para toda a dificuldade? Talvez. Porém, será que isso não está mascarando a verdadeira raiz da questão? Será que a verdadeira causa não está mais atrás? E se a pessoa na verdade, sem muito perceber, tem medo de ser rejeitada num processo de seleção? Ela pode “se deixar” distrair na internet e não participar de nenhuma entrevista. Qual motivação ela tem para focar na busca por emprego se tem medo do que vai descobrir?
Veja o paralelo com o exemplo anterior: Tal qual a pessoa ansiosa se esconde no quarto para fazer a ansiedade ir embora, a pessoa do segundo exemplo se distrai para fazer o medo ir embora. Ou seja, apesar de a questão parecer ser a procrastinação, ela apenas funciona como uma máscara para verdadeira raiz: o medo de rejeição.
Conclusão
Para que serve então isso tudo? Se partirmos do princípio que não necessariamente a primeira resposta que encontramos é a correta, podemos sempre tentar ir mais a fundo e descobrir a real raiz se uma situação, nos permitindo tratá-la de forma mais rápida e eficaz. Sempre tente se perguntar então: “A causa dessa minha dificuldade é essa mesmo ou há algo por trás?”. Acredite, responder ‘Sim’ será mais comum do que você imagina.
E caso você sinta que está tendo dificuldade em entender melhor o que está se passando com você, considere buscar ajuda. Existem vários profissionais (psicólogos, médicos, etc) que estão dispostos e preparados para te ajudar. Recomendo inclusive a leitura do post da semana passada!
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