Para aqueles com doenças crônicas que sofrem diante do simples ato de tomar um banho a Sarah Mariann Martland publicou no The Mighty uma “carta de amor” que aqui passo a vocês com tradução livre. A Sarah escreve a partir de sua experiência pessoal com abuso e trauma e seus impactos em sua vida na saúde mental, doenças crônicas, luto e perdas. Adoro os textos dela!
“Esta é uma carta de amor para todos aqueles para os quais tomar banho é repetidamente um exercício laborioso, física, emocionalmente ou em ambos os sentidos.
The Mighty
Para aqueles que passam dias postergando o banho porque sabem quão exaustivo e doloroso é simplesmente ficar de pé embaixo da água corrente por tanto tempo.
Para aqueles que não se sentem refrescados ao sair do chuveiro, pelo contrário, sentem que correram uma longa e árdua corrida, apenas onde não há ninguém na linha de chegada com sua medalha para lhe parabenizar, porque não há linha de chegada.
Esta é a sua medalha.
Esta é sua carta de vitória, de reconhecimento ou de amor.
É para cada um de vocês que tem de sentar ou deitar pela próxima uma hora ou mais com os cabelos molhados enrolados numa toalha porque não há energia para secar o cabelo ou passar um hidratante no corpo ou mesmo para vestir-se.
Para todas as pessoas que semana após semana sentem vontade de chorar ao ensaboar e enxaguar a cabeça, e então um dia sentem que é ainda mais difícil, mais cansativo, mais doloroso, mais, simplesmente mais, e seguem esperando que ninguém ouça um uivo profundo enquanto choram em agonia sob a água do chuveiro antes de retirar todo o shampoo dos cabelos.
É para você que está se forçando para atravessar isto, porque você sabe que tem de sair de casa amanhã e você sabe que mesmo que seja tão difícil agora, tomar banho E sair, simplesmente não é algo possível de se fazer num único dia.
É para você que, apesar de querer, necessitar e sentir saudades de estar limpo, não consegue ir até o chuveiro, fisicamente, emocionalmente ou ambos.
Esta é uma carta de amor para todos que vivem no dia-a-dia, cronicamente, uma doença de qualquer tipo, àqueles para os quais simples atividades que a maioria tem como certas, como tomar um banho, parecem uma montanha a ser escalada.
Para aqueles que estão escalando essas montanhas e para todos aqueles que simplesmente não conseguem escalar essa montanha hoje, esta é para vocês.
Eu vejo vocês.
Estou com vocês.
Sou um com vocês.
Obrigado por respirar e continuar a respirar.
Obrigado por existir.
Obrigado”
Sarah Mariann Martland
Me emociono ao ler essa “carta de amor” da Sarah, pois já presenciei em pessoas que acompanhei quão pesado pode ser o simples ato de tomar um banho como ela relata. Ao mesmo tempo, quão compensador.
Acompanhei também quem ficou muito tempo recebendo higiene por cuidadores, imobilizados numa cama, e a felicidade de entrar na água corrente depois. Penso que viver com limitações nos dá uma perspectiva dos pequenos prazeres dentro daquilo que é possível ser vivido. Somos desafiados a orientar nossa expectativa para as pequenas vitórias.
Resistir à realidade apenas enfraquece.
Como seria receber as possibilidades como um presente? Um pequeno movimento no dedo, ainda assim, é seu espaço de dignidade. Com esse dedo você pode dizer sim ou não.
Onde colocar sua atenção? No dedo que se move ou no que paralisou?
Cada um terá uma resposta própria para essas perguntas. Compartilhe a sua aqui!
Carinho,
Luciane Schütte
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