Esse é um dos mais revolucionários territórios explorados na medicina – o nervo vago! A conexão entre nossas vísceras e nosso cérebro não pode ser negada e esse post é uma tradução livre e resumida do texto da Dra. Ilene Ruhoy, neurologista integrativa autora de publicações nessa área do Mindbodygreen.com e que nos trás alguma luz sobre esse incrível aspecto de nosso sistema nervoso e seu impacto em nossa saúde.
São recentes as descobertas sobre essa conexão vísceras-cérebro. Muitas desordens neurológicas (dores de cabeça, epilepsia, Parkinson, esclerose múltipla, dentre outras) apresentam-se junto a manifestações gastrointestinais como diarréia, constipação e indigestão.
Sabe-se hoje que essa “conversa” vísceras-cérebro tem a ver com o nervo vago que é considerado o principal canal de comunicação do trato gastrointestinal (GI) e o cérebro – com sinais enviados nas duas direções.
Sabemos, por exemplo, que ao estimular o nervo vago pela respiração profunda, promovemos efeitos de calma junto ao sistema parassimpático e reduzimos os efeitos de fuga ou luta a nível do sistema nervoso. Ou seja, o nervo vago funciona como uma ponte entre o sistema nervoso entérico (que controla o trato gastrointestinal) e o sistema nervoso central, que juntos controlam o movimento gastrointestinal, suas secreções, imunidade e fluxo sanguíneo. Em outras palavras, quanto melhor trabalhar nosso nervo vago, melhor a comunicação vísceras-cérebro com efeito nas mais diversas áreas da nossa saúde – dos níveis de ansiedade a batimentos cardíacos, da digestão ao ganho de peso e muito mais.
-“Como o nervo vago afeta minha saúde?”
O mau funcionamento do nervo vago tem impactos diretos em nossa saúde! Esses distúrbios no nervo vago podem ser causados por stress excessivo, doenças, certas medicações, inflamação e infecções, dentre outros. A ruptura nesse sistema pode dificultar o organismo a manter normais suas funções primárias de sono, respiração, digestão e movimento de resíduos pelas vias do trato gastrointestinal, pulmões e pele.
Os problemas são muitos: náusea, vômito, diarréia, constipação, refluxo, ansiedade, depressão, ganho de peso, dores musculares e das articulações, perda de memória, dores de cabeça e outros tantos aspectos de nosso organismo afetados pelo comprometimento da boa comunicação através do nervo vago.
Felizmente, há coisas que podemos fazer para tonificar essa comunicação vísceras-cérebro. Todas focam em manter o equilíbrio entre o nosso sistema parassimpático e simpático. Veja a seguir:
1 – RESPIRAÇÃO – Experimente a respiração profunda, a meditação, ou ambos. Tente algo simples como inspirar em dois tempos, segurar um tempo e expirar em dois tempos. Meditar também está provado melhora a tonificação vagal e seu impacto no sono, dor, apetite, ansiedade e funcionamento gastrointestinal.
2 – YOGA – Entre numa aula regular de Yoga. Pesquisas comprovam como a manutenção de exercícios moderados regulares como a Yoga aumentam a motilidade gastrointestinal, estimulando o nervo vago.
3 – BANHO FRIO – Tome um banho frio. Considere a possibilidade de finalizar seu banho com um minutos de água fria e não tema sair de casa quando está fazendo frio. Estudos mostram que exposições agudas ao frio ativam o nervo vago, assim como vários neurônios na passagem do nervo vago levando a uma mudança na atividade do sistema nervoso parassimpático.
4 – TRIPTOFANO – Coma alimentos ricos em triptofano. Isso inclui espinafre, sementes, nozes, bananas e aves domésticas, dentre outras. O triptofano é metabolizado nas vísceras e ajuda no controle de inflamação das células do cérebro e da medula espinhal, que por sua vez melhora a comunicação das vísceras ao cérebro através do caminho de comunicação vagal.
5 – PESO – Mantenha um peso saudável. Obesidade e inflamação das vísceras podem causar rupturas na atividade vagal e impactar negativamente a comunicação vísceras-cérebro. Movimente seu corpo diariamente e foque numa dieta rica em vegetais e frutas, junto com castanhas, sementes e legumes ao estilo da dieta mediterrânea.
6 – DEFECAÇÃO – Garanta defecar todos os dias. Consuma alimento rico em fibras diariamente e mantenha rotina de sono e exercícios para permitir a seu organismo eliminar diariamente seus resíduos. Isto reduz a probabilidade de que organismos indesejáveis se desenvolvam em resíduos alimentares estagnados no cólon e, portanto, na comunicação vísceras-cérebro.
7 – AÇÚCAR – Reduza açúcar de sua dieta. Açúcar em excesso não apenas causa inflamação crônica como também desemparelha o retorno de feedback celular e outros caminhos de sinalização e a inflamação da mucosa gastrointestinal permite que patógenos perpetuem sinais inflamatórios para o cérebro.
8 – PROBIÓTICO – Além de reduzir o açúcar, considere adicionar alimentos fermentados ou um probiótico a sua dieta.Pesquisas mostram que certos microorganismos nas vísceras podem na verdade ativar o nervo vago. Experiência com ratos ingerindo probióticos demonstraram seu papel na redução de stress, depressão e ansiedade.
9 – CARNE – Se você anda comendo muita proteína de origem animal, considere reduzir a ingestão de carne vermelha e ovos. Esses podem ser bons pra você, mas se ingeridos em excesso convertem-se a elementos que estão associados a inflamações e condições cardiovasculares. Reduzir o consumo desses alimentos pode reduzir inflamações e permitir ao nervo vago regular melhor os sistemas parassimpático e simpático afetando positivamente a pressão arterial e o ritmo cardíaco.
10 – DIETA INTERMITENTE – Alguns estudos sugerem que a alimentação intermitente e restrições dietéticas podem ativar o nervo vago. Talvez valha a pena experimentar. A melhor parte – sua janela de espaçamento entre refeições não precisa ser tão longa para gerar grandes benefícios. Considere experimentar e veja os efeitos na melhoria de suas funções cognitivas, perda de peso e redução de inflamação.
11 – CANTO – Cante a sua melodia favorita. Sim! Pesquisas mostram que cantar tem um efeito biologicamente calmante. Isto tem tudo a ver com o nervo vago. Então vá em frente, cante junto ao rádio do seu carro, ou melhor ainda, quando estiver tomando uma chuveirada de água fria. 😉
Essas são apenas algumas coisas que você pode fazer para melhorar o funcionamento do seu cérebro, de suas vísceras e tudo o mais entre eles. Algumas vezes conexões complexas podem responder bem a simples intervenções.
“Espero que esse maravilhoso artigo da Dra. Ilene Ruhoy tenha inspirado vocês. Ao lê-lo pela primeira vez me impressionou como a prática de Kundalini Yoga, da qual sou professora, tem a ver com essas 11 maneiras de estimular o sistema vago.
Entoamos mantras, tomamos banhos frios, a maioria de nós é vegano ou simplesmente reduz a ingestão de proteína de origem animal, movimentamos o corpo em especial acionando o “ponto do umbigo” (o que afeta diretamente a motilidade gastrointestinal) e, ainda, exercitamos constantemente a respiração longa e profunda. E saber que esses iogues maravilhosos criaram tudo isto há mais de 5.000 anos! Vai explicar. 😉
Sugiro então um adendo à recomendação da Dra Ilene. Quem sabe o Kundalini Yoga é sua melhor opção? Vale a pena experimentar. Da minha vivência pessoal posso garantir que o resultado é extraordinário, tanto no campo físico quanto mental. Mas isto é assunto para outro post” 🙂
Bj no cotovelo,
Luciane Schütte
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