Nesse momento em que estamos passando, e especialmente se não estamos tendo algum tipo de apoio, uma grande dificuldade que surge é a de lidar com nós mesmos, em especial com nossas emoções. Elas podem atrapalhar quando surgem do nada, quando são desmedidas ou quando não querem ir embora. Cada emoção, porém, é diferente e conta uma história própria. Hoje gostaria de falar especificamente da raiva.
Luta, Fuga ou Paralização
Para começar nossa conversa, acho interessante termos em mente esses conceitos. Entende-se que quando um ser se sente ameaçado ele tem três tipos de ações a tomar: Luta, enfrentando aquilo que o ameaça; Fuga, fugindo do problema; ou Paralização, ficando incapaz de tomar uma atitude. Esses conceitos são importante ao percebermos que a raiva está bastante ligada à reação de luta, afinal de contas ela serve como combustível para enfrentamentos. Porém, isso nos leva ao questionamento: O que define qual será a melhor reação?
A Luta desnecessária
Por mais que nós gostemos de imaginar que o mundo funciona tal qual nós o enxergamos, é importante aceitarmos que cada pessoa tem uma visão diferente. Todos nós temos nossos próprios “óculos” que filtram, distorcem e colorem o mundo que nos chega. Isso nos mostra que algo que parece de uma forma para nós, não é necessariamente visto do mesmo jeito para todos. Cada óculos é diferente e, por consequência, cada reação. Ou seja, será que nossa reação, seja luta, fuga ou paralização, é necessariamente a melhor para o momento? Será que não são nossas lentes dando uma cor diferente ao que nos é apresentado? Mais que isso, será que uma reação de raiva é só isso? Será que não há algo por trás?
A raiva que esconde
Uma coisa importante que aprendi com meus estudos e atendimentos é que nós não somos seres lineares. Não precisamos ter apenas uma reação, uma vontade, uma emoção. Conseguimos ter várias de uma vez. Porém, às vezes para evitar a confusão e às vezes como forma de defesa, nós focamos em apenas uma. Isso é importante especialmente quando falamos da raiva, pois ela é uma emoção que raramente aparece sozinha, por mais que aparente ser esse o caso. Lembra quando falei que a Luta é uma reação a uma ameaça? Pois bem, muitas vezes essa ameaça é à nossa autoestima, a nós mesmos. Quando criticam quem nós somos, ou o que valorizamos, sentimos raiva, sim, porém será que não há algo a mais? Será que não nos sentimos tristes por ouvir aquilo? Preocupados com o que isso diz sobre nós mesmos, ou sobre quem falou? Veja, então, como a raiva pode ser apenas um dos sentimentos que surge. E mesmo ela sendo o mais evidente, não devemos ignorar as outras reações, pois aqui entra um ponto importante: Muitas vezes a raiva não é paralela aos outros sentimentos, mas sim advinda deles. Temos raiva para não encararmos nossa dor. Temos raiva para jogar a culpa em quem falou ou fez, e não olhar para a mensagem em si.
Conclusão
Nossas emoções são uma forma que o nosso corpo e a nossa mente tem para se comunicar com nossa consciência. Elas são importantíssimas fontes de informação e merecem bastante atenção. Porém, por serem formas bem simples de comunicação, cabe a nós irmos mais a fundo para tentar entender o que está por trás dessa mensagem. Será que é só isso? Será que não há mais por trás? Será que deixei passar algo?
A emoção é um convite para o autoconhecimento. Aceite-o e descubra o poder que há por trás de entender a si mesmo.